A fobia escolar, ou o popular medo de ir para a escola, é mais comum do que parece e vai além da simples “preguiça”. Ela se manifesta como um medo intenso e persistente que impede muitas crianças de frequentarem o ambiente escolar, afetando tanto o rendimento acadêmico quanto a saúde emocional.
Identificar os sinais dessa fobia é fundamental para que pais, professores e responsáveis possam agir de forma eficaz e ajudar as crianças a superarem esse desafio.
Neste texto, abordaremos o que é a fobia escolar, suas principais causas, como identificar os sintomas e, o mais importante, como ajudar as crianças a lidar com esse medo e desenvolver confiança para enfrentar a rotina escolar.
O que é fobia escolar?
A fobia escolar é um medo profundo e, em muitos casos, desproporcional de ir à escola. A criança que enfrenta essa condição experimenta crises de ansiedade e um temor difícil de controlar, o que leva a uma visão distorcida do ambiente escolar.
Esse medo faz com que a pessoa se sinta extremamente insegura e vulnerável, dificultando sua adaptação e frequência às aulas.
O medo de ir para escola é comum?
Esse tipo de medo é bastante frequente, principalmente nos primeiros anos do ensino infantil, fase em que a ansiedade por ficar longe dos pais costuma ser mais intensa.
No entanto, essa condição também pode afetar crianças mais velhas, especialmente em momentos de mudanças familiares importantes, situações de bullying, dificuldades acadêmicas ou durante transições, explica a psicóloga Myriam Albers em entrevista para a revista Pais&Filhos.
Quais os sinais de que a criança está com fobia escolar?
A fobia escolar pode apresentar uma variedade de sintomas físicos e emocionais, muitas vezes surgindo antes mesmo de a criança sair para a escola. Entre os sinais mais comuns estão:
- Dores de estômago;
- Náuseas;
- Vômitos;
- Diarreia;
- Dores de cabeça;
- Crises de choro;
- Dificuldades para dormir;
- Tremores;
- Ansiedade intensa;
- Calafrios;
- Medo excessivo de ficar só ou longe dos pais.
Como diferenciar o medo de ir para a escola de uma simples resistência?
Em alguns momentos, como o fim das férias ou a volta de um feriadão, é comum que algumas crianças relutem em retornar à escola, muitas vezes sem conseguir explicar o motivo.
Essa resistência tende a ser passageira, pois geralmente está ligada à volta da rotina. No entanto, quando essa recusa se torna frequente e intensa, pode indicar sinais de fobia escolar. É importante lembrar que a fobia escolar não deve ser confundida com uma simples preguiça ou o medo natural que surge diante de novas experiências.
Segundo Maria Irene Maluf, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, é normal que uma criança sinta algum desconforto ao enfrentar uma mudança de escola, por exemplo, pois o desconhecido costuma causar certa ansiedade.
No entanto, quando essa sensação persiste, é um alerta de que algo mais sério pode estar acontecendo, relata a especialista em entrevista à Folha de S. Paulo.
Quais as possíveis causas do medo de ir para a escola?
O medo de ir para a escola pode ter diversas origens. Em muitos casos, ele está ligado a fatores como:
- Falta de estabilidade no ambiente familiar;
- Excesso de atividades extracurriculares que sobrecarregam a rotina;
- Experiências de bullying;
- Pressão intensa por bom desempenho acadêmico;
- Incertezas em relação ao futuro.
Outro fator que pode contribuir para esse medo é a superproteção dos pais, que, ao transmitirem seus próprios receios, acabam tornando a criança mais insegura diante do ambiente escolar. Além disso, quando a criança não é incentivada a socializar e lidar com diferentes situações, pode enfrentar dificuldades de adaptação no ambiente escolar.
Essa complexidade torna o desafio de identificar as causas da fobia escolar ainda maior, exigindo atenção dos pais e da escola para entender o que motiva a resistência.
Como auxiliar a criança nessa situação?
Para apoiar a criança que enfrenta fobia escolar é importante manter uma comunicação aberta e acolhedora. Escutar e validar seus sentimentos pode ajudá-la a transmitir segurança, enquanto acordos claros sobre a rotina escolar reforçam a sensação de previsibilidade.
Ao mesmo tempo, conhecer o ambiente escolar, os professores e os colegas pode reduzir a ansiedade e facilitar a adaptação.
Se essas estratégias iniciais não forem suficientes para aliviar os sintomas, é essencial manter um diálogo próximo com a escola para verificar a possibilidade de apoio profissional especializado. Em casos mais complexos, o acompanhamento terapêutico e, eventualmente, médico, pode ser fundamental para que a criança supere essa dificuldade.
Trocar a criança de escola pode ser uma opção?
Em alguns casos, após tentar diferentes abordagens e estratégias de apoio, pode ser necessário considerar a mudança para uma nova escola, especialmente se a criança continuar enfrentando dificuldades de adaptação e apresentar sinais de ansiedade ou desconforto persistentes no ambiente atual.
Uma mudança de instituição pode oferecer um espaço mais acolhedor e ajustado às necessidades emocionais e acadêmicas do indivíduo, ajudando-o a se sentir mais seguro e motivado a participar das atividades escolares.
Antes de tomar essa decisão, é importante envolver a criança na escolha, investigando ambientes educacionais com práticas pedagógicas que priorizem o bem-estar e a inclusão. Ou seja, essa troca deve ser vista como uma possibilidade a ser ponderada com cuidado, sempre visando o melhor interesse e bem-estar.
Em resumo, a fobia escolar é um tema que merece atenção e cuidado. Você já passou por algo parecido com seu filho ou conhece alguém que enfrentou essa situação? Compartilhe sua experiência ou opinião nos comentários!
* Confira também aqui no blog o post A timidez infantil é um problema? Descubra quando é hora de buscar apoio profissional.
** Com informações de Folha de S. Paulo, Revista Pais&Filhos e Terra.