Consumo de bebidas alcoólicas: existe um nível considerado saudável?

brinde com consumo de bebidas alcoólicas

A prática de “beber socialmente” – ou seja, fazer consumo de bebidas alcoólicas de forma moderada, em ocasiões especiais – faz parte da rotina de muitos de nós. Afinal, quem não gosta de tomar aquela cervejinha com os amigos no final de semana, não é mesmo?

Entretanto, devemos estar atentos a duas questões que envolvem o consumo de bebidas alcoólicas. A primeira é ter ciência de que os riscos para a saúde existem mesmo na ingestão moderada. A segunda é o controle da quantidade de doses ingeridas e da frequência.

De olho nessa temática, vamos compartilhar hoje algumas informações que podem ajudar você a avaliar o seu consumo de álcool e, a partir daí, adotar melhores hábitos em benefício da sua saúde. Confira o conteúdo que preparamos!

Como é o consumo de álcool no Brasil?

O mais recente levantamento do IBGE revela que o consumo de álcool no Brasil só aumenta. De acordo com a pesquisa, 23,9% da população com 18 anos ou mais costumava consumir bebida alcoólica uma vez ou mais por semana em 2019. Em 2019, esse percentual saltou para 26,4%

Isso significa que um em cada quatro brasileiros bebe com frequência. Outro dado preocupante é que 17% das mulheres adultas afirmaram que beberam uma vez ou mais por semana em 2019. O percentual corresponde a uma alta de 4,1% em relação a 2013, data da primeira edição da pesquisa. 

Existe um nível de consumo de bebidas alcoólicas considerado seguro?

De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro do Fígado, Paulo Bittencourt, em entrevista para a Agência Brasil, não existe limite de segurança para o consumo, já que a sensibilidade ao álcool é individual. 

Nesse sentido, especialistas da área de saúde sugerem cautela inclusive quando o consumo é considerado “moderado”, já que os riscos existem mesmo quando as doses são pequenas. Além disso, é muito comum uma pessoa acreditar que está “bebendo socialmente” quando, na verdade, está fazendo uso abusivo do álcool.

Como referência de consumo moderado, considera-se a ingestão de até duas doses de álcool por dia para homens, e uma dose para mulheres. Uma dose equivale a 14 gramas de álcool puro, o que corresponde a uma lata de 350 ml de cerveja, uma taça de 150 ml de vinho ou uma dose de 45 ml bebida destilada. 

Já a Organização Mundial da Saúde – OMS define como dose padrão 10 gramas de álcool puro, além de recomendar que homens e mulheres se abstenham de beber pelo menos dois dias por semana. 

Quais os riscos do consumo moderado de bebidas alcóolicas?

A ingestão de álcool está associada a sete tipos de câncer, afirma o oncologista clínico e sanitarista Ronaldo Corrêa, pesquisador do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Em entrevista para O Estado de S. Paulo, ele destaca que a ingestão de álcool, mesmo em doses mínimas, aumenta o risco de desenvolver câncer.

O especialista também salienta que há um efeito “cumulativo” nocivo do álcool: se o uso é frequente, os tecidos não têm tempo para se recuperar – por isso, alguns dias de pausa na bebida são importantes. 

Álcool zero: quando nenhuma quantidade de álcool deve ser consumida

Em determinadas atividades ou momentos, mesmo uma pequena quantidade de álcool pode oferecer ainda mais riscos tanto para a saúde de quem o consome, como a de terceiros. 

Por isso, com base em orientações da Organização Mundial da Saúde, o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool – CISA considera inaceitável o consumo de bebidas alcoólicas em caso de pessoas:

  • Menores de 18 anos de idade: como o sistema nervoso central ainda está em desenvolvimento, beber nessa fase pode principalmente prejudicar várias funções cerebrais;
  • Motoristas: mesmo baixos níveis de álcool no sangue podem prejudicar os reflexos, coordenação motora e julgamento, aumentando os riscos de acidente;
  • Gestantes: o álcool consegue atravessar a placenta e chegar ao feto, produzindo ou aumentando dessa forma a incidência de anomalias no bebê;
  • Com problemas de saúde: diversos agravos à saúde são relacionados ao álcool, a exemplo da hipertensão arterial, cirrose hepática, problemas gastrointestinais, transtornos neuropsiquiátricos, entre outros;
  • Que fazem ingestão de medicamentos: bebidas alcoólicas podem interferir nos efeitos dos medicamentos, com redução da eficácia de um remédio, bem como intensificação dos seus efeitos;
  • Que têm dificuldades de controle do consumo: tal dificuldade é um dos principais sintomas de dependência do álcool. Trata-se, portanto, de um importante alerta para buscar ajuda.

Benefícios em reduzir o consumo de bebidas alcoólicas

Se você está pensando em reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, e pegar mais leve na cervejinha do final de semana, temos boas notícias: muitos dos efeitos da redução da ingestão de álcool costumam ser sentidos sobretudo nos primeiros dias.

Assim, é comum que, ao beber menos álcool você logo passe a acordar com mais facilidade pela manhã e sinta menos cansaço durante o dia. Já os benefícios a longo prazo incluem por exemplo:

  • Melhora do sono;
  • Fortalecimento do sistema imunológico;
  • Melhora do humor;
  • Diminuição do excesso de gordura no abdômen;
  • Pele mais saudável.

Quando o “beber socialmente” vira alcoolismo?

Ao identificar sintomas do alcoolismo, seja em você ou em alguma pessoa próxima, é fundamental procurar auxílio especializado para fazer o diagnóstico correto.

Os sintomas de alcoolismo são avaliados de acordo com os parâmetros do Código Internacional de Doenças – CID, que estabelece o diagnóstico quando o paciente apresentar ao menos 3 das seguintes condições nos últimos 12 meses:

  • Desejo incontrolável por bebidas alcoólicas;
  • Falta de controle quanto ao consumo;
  • Sinais de abstinência física ao cessar o consumo;
  • Evidências clínicas de aumento da tolerância ao álcool;
  • Perda de interesse por atividades da rotina e de convívio social;
  • Insistência no consumo de álcool apesar da percepção das consequências do ato para a saúde e igualmente para cognição.

Vale lembrar que essa é só uma referência. Existem diversos testes, exames e questionários que podem auxiliar no diagnóstico e na análise dos sintomas do alcoolismo. Então, o importante é não deixar de buscar auxílio especializado para combater a dependência.

Agora que você já tem mais informações sobre o consumo de bebidas alcoólicas e suas consequências, conta pra gente: como é a sua relação com o álcool? Você tem dificuldades de fazer um consumo moderado? Compartilhe sua experiência conosco nos comentários!


* Confira também aqui no blog o post Alimentação no verão: o que é melhor consumir e o que devemos evitar?

** Com informações de Agência Brasil, CISA, Estado de S. Paulo e Hospital Santa Mônica.

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