Transtorno bipolar: como identificar o distúrbio que alterna episódios de euforia e depressão

O transtorno bipolar é um distúrbio psiquiátrico complexo e por vezes subestimado. Isso porque muitas pessoas usam o termo para apontar meras oscilações comportamentais. Essa banalização pode ter consequências sérias, incluindo falta de compreensão em relação aos desafios enfrentados por quem realmente convive com esse distúrbio.

De acordo com a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA), o transtorno bipolar afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo e os sintomas aparecem quase sempre antes dos 30 anos, principalmente entre 18 e 25 anos de idade. 

Neste artigo, vamos explorar como reconhecer o transtorno bipolar, compreendendo suas manifestações, impactos e a importância de buscar ajuda profissional. Confira o conteúdo que preparamos e veja como é possível conviver melhor com essa condição. 🙂

O que caracteriza o transtorno bipolar?

O transtorno bipolar é considerado um distúrbio psiquiátrico que se caracteriza por uma espécie de montanha-russa emocional. Ou seja, há alternância entre episódios de profunda depressão e momentos de euforia intensa, com intervalos de relativa estabilidade entre eles. Essas crises variam em intensidade, frequência e duração.

As flutuações de humor têm um impacto significativo sobre o comportamento e as atitudes dos indivíduos afetados, muitas vezes gerando reações que parecem desproporcionais aos eventos desencadeadores ou até mesmo ocorrendo sem um motivo aparente.

Quais as causas do distúrbio?

De acordo com Doris Moreno, psiquiatra especializada em transtorno do humor na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o transtorno bipolar está intimamente ligado à hereditariedade. 

Em entrevista ao portal do Ministério da Saúde, o profissional enfatiza que o transtorno bipolar é a condição psiquiátrica com o mais alto risco genético: em cerca de 80% dos casos diagnosticados, há um componente hereditário significativo. 

“Ao investigar o histórico do paciente, é comum encontrar uma história familiar que envolve casos de depressão, alcoolismo, transtornos de ansiedade ou uso de drogas, já que esses fatores frequentemente confundem o diagnóstico”, enfatiza.

Quais os tipos de transtorno bipolar?

Os manuais internacionais de classificação diagnóstica – DSM.IV e CID-10 – indicam que a condição pode ser classificada da seguinte forma:

  • Transtorno bipolar Tipo I: o indivíduo apresenta períodos de mania (euforia exuberante), que duram, pelo menos, sete dias, acompanhado de sintomas depressivos, que se estendem por duas semanas ou mais. 
  • Transtorno bipolar Tipo II: há alternância entre os episódios de depressão e de hipomania (euforia mais leve).
  • Transtorno ciclotímico: marcado por oscilações crônicas do humor, que podem ocorrer até no mesmo dia. Esses sintomas muitas vezes podem ser interpretados como o próprio temperamento do indivíduo.
  • Transtorno bipolar não especificado: pode surgir como consequência de outras doenças ou induzido pelo uso de substâncias.

Quais os principais sintomas do transtorno bipolar?

Como vimos, existem fases distintas no transtorno bipolar. Veja abaixo quais são os principais sintomas em cada uma delas:

Fase de Depressão

São frequentes sintomas como humor deprimido, tristeza profunda, apatia, desinteresse pelas atividades que antes davam prazer, isolamento social, alterações do sono e do apetite, redução significativa da libido, dificuldade de concentração, cansaço, sentimentos recorrentes de inutilidade, culpa excessiva, frustração e falta de sentido para a vida, esquecimentos.

Fase de Mania

Caracterizada pelo estado de euforia exuberante, apresenta sintomas como valorização da autoestima e da autoconfiança, pouca necessidade de sono, agitação psicomotora, descontrole ao coordenar as ideias, desvio da atenção, compulsão para falar, aumento da libido, irritabilidade e impaciência crescentes, comportamento agressivo, mania de grandeza. 

Nessa fase, o paciente pode tomar atitudes como demissão do emprego, gastos descontrolados de dinheiro, envolvimentos afetivos apressados, atividade sexual aumentada e, em casos mais graves, delírios e alucinações.

Fase de Hipomania

Os sintomas são semelhantes aos da mania, porém bem mais leves e com menor repercussão sobre as atividades e relacionamentos do paciente, que se mostra mais eufórico, mais falante, sociável e ativo do que o habitual. Em geral, a crise é breve, dura apenas uns poucos dias. 

Como é o diagnóstico do transtorno?

O diagnóstico do transtorno bipolar é predominantemente clínico, dependendo da análise da história e dos relatos dos sintomas pelo paciente, seus amigos ou familiares. 

Geralmente, esse processo diagnóstico pode levar anos para ser concluído, pois os sinais característicos podem ser facilmente confundidos com outras condições, como esquizofrenia, depressão grave, síndrome do pânico ou transtornos de ansiedade. 

Portanto, é recomendável realizar uma avaliação diferencial cuidadosa antes de iniciar qualquer intervenção terapêutica.

mulher oscilando depressão e euforia como sintomas do transtorno bipolar

Quais os tratamentos disponíveis?

O transtorno bipolar, embora não tenha cura, pode ser gerenciado com eficácia. O tratamento envolve o uso de medicamentos, psicoterapia e ajustes no estilo de vida, como cessar o consumo de substâncias psicoativas, adotar hábitos saudáveis de sono e alimentação, e reduzir o estresse.

Importante ressaltar que a psicoterapia desempenha um papel crucial no tratamento. Essa abordagem oferece apoio ao paciente para superar as dificuldades do transtorno bipolar, prevenir recorrências e garantir a adesão ao tratamento medicamentoso, que geralmente é vitalício.

No Sistema Único de Saúde (SUS) é possível buscar atendimento nas Unidades Básicas de Saúde ou Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Recomenda-se portanto procurar a unidade básica de saúde mais próxima para orientação e agendamento de consultas.

Por fim, vale lembrar que por vezes é importante o acompanhamento psicoterápico para a família do paciente. Tanto pelo impacto da convivência como para entender como lidar com as nuances do dia a dia ao cuidar de alguém com esse transtorno.

Esperamos que as informações que compartilhamos aqui auxiliem você a entender melhor o transtorno bipolar. Você tem alguma experiência sobre o assunto que queira compartilhar? Conta pra gente nos comentários!


* Confira também aqui no blog o post TDAH em adultos: conheça os sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

** Com informações do Ministério da Saúde e portal Drauzio Varella.

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